No último dia 19 de dezembro, escrevi duas mensagens de aniversário na página do Facebook dos meus amigos Thiago Minete e Lucas Torres. Com receio de que ambas as publicações corram o risco de serem apagadas - não necessariamente por eles dois, mas por eventuais problemas técnicos do próprio Face -, decidi publicá-las aqui à título de registro.
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Ao meu amigo Thiago,
Fiquei
encabulado ao longo do dia imaginando o que escrever. Acho que não deu
para drenar lá grande coisa, mas o elo consumado entre eu e você me puxa
para dar as caras aqui.
Talvez nem compense lhe desejar "sucesso".
Esse tipo de voto seria redondamente uma obviedade, tendo em vista o
estudante e o ser humano que você é. Esse traço já estará arraigado nos
rumos que irá traçar como jornalista. Desejar "paz"? Esta poderia
fenecer ante a tranquilidade que você, provavelmente sem nem ter ciência
desse dom, já carrega por onde vai. E vai deixando, por instinto, um
bocadinho dessa calmaria nas pessoas com quem os desígnios da vida lhe
obrigaram a conviver.
Só sei que, nessas mil andarias que vida - ou
alguma entidade misteriosa, ou Deus mesmo - delineou para eu também
marchar, lá pelos idos de agosto de 2011, tropecei em tudo o que você é.
Se esses caminhos cruzados são planos ocultos, é melhor não mudar de
rota. Quem sabe seja uma prova pela qual tenho que perpassar. Desconfio
que seja uma aula, uma disciplina sem prazo para fim de período. Talvez
seja para absorver um pouco da humildade que você compartilha
naturalmente com todos a sua volta, admirar a inteligência inerente que
dita as regras quando alguém se coloca para trabalhar contigo, me
reeducar com seu bom humor inescrupuloso, ou só mesmo recuperar a
delicadeza perdida que você gosta de acumular, mas não de esconder, pois
a expõe a cada palavra, a cada gesto de companheirismo.
Enfim, como
deu para notar, só me restou desejar "saúde" mesmo. Arranque dessas
linhas meu sincero abraço, de aprendiz para mestre.
PS: como também
deu para notar, não disse que você me espelha "sorte", já que,
lamentavelmente, você não a tem. Se a tivesse, não teria sido rebaixado.
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Ao meu amigo Lucas,
Permaneceria
plantado horas, dias, semanas, esmagando meus neurônios almejando
resumir o que você representa para mim. Quaisquer que sejam os meus
caracteres proferidas atabalhoadamente, condensados, espremidos, antes
mesmo do você os ler, tenho perfeita ciência de que você sabe que minha
alma está desnuda e derramada aqui.
Estou aqui para lhe agradecer
por você existir. E esse brevíssimo texto não é uma prece a você.
Despreze qualquer significado místico que você ou outra pessoa que ver o
post possa cair na pobreza de enquadrá-lo porque não estou de joelhos.
Acontece que sou piegas mesmo, você já sabe. Mas também sou vaidoso,
pois a minha pieguice é de uma honestidade invejável.
Minha gratidão
volta no tempo lá no primeiro período. Como já relatei múltiplas vezes,
sobretudo naquela época, eu vinha de um turbilhão, me arrastando para
fora de nevoeiro de amargor que pouquíssimos homens na Terra dispuseram
da lábia para descrever. Atordoado, a ECO-UFRJ desponta como um lume
imponente em meio à treva. Entre os variados personagens com quem me
defronto, está você. Dois anos transcorrem, passam-se alegrias,
passam-se lágrimas, aqui estou e aqui você ainda está. Daqueles
primeiros meses, segure apenas uma verdade: você foi um dos maiores
responsáveis por recuperar o meu sorriso.
De lá para cá, os minutos
passados turvam-se com os minutos futuros. Nem sei, portanto, teorizar o
que é o momento presente em minha camaradagem contigo. Talvez seja um
continuum, uma abstração imprecisa, mas necessária, tal qual o ar, sobre
o qual as definições literais são limitadas, porém só se sabe que, sem
ele, a vida inexiste. E a vida inexiste sem a amizade.
A sua
amizade, por exemplo, costuma fazer as dores subirem para o espaço. Quem
sabe seja tão ou mais saciante que o ar. Não há obstáculo aparente
entre as minhas palavras e as suas. A única coisa que há entre os
pensamentos de cada um, estranhezas costumeiras à parte, é o estímulo.
Estímulo que faz cada lado ousar criticar confessamente o outro,
compartilhar as trombadas que tomamos como estudantes e futuros
profissionais, empestar o chat um do outro com bilhões de piadinhas -
boa parte de que só você vê graça -, trocar informações desse parque de
diversões que é o noticiário do Brasil e mundo afora e, como não poderia
deixar de ser, sobrar um bom tempo para espiar a paisagem feminina.
Por tudo isso, retomo a máxima que lancei ao léu ali em cima:
agradeço-lhe por você existir. Estou aqui para prosseguir sendo alvo de
suas alegrias e suas angústias. Como disse ao Thiago, arranque dessas
linhas meu sincero abraço, de aprendiz para mestre.
Camarada Lucas, presente!